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Como pequenas empresas tiram partido das redes sociais

Facebook, Twitter, Instagram, entre outras plataformas digitais já foram muito temidas pelas empresas. O receio de ser citado em alguma situação constrangedora atrasou a entrada de muitas varejistas na rede.

Isso mudou. Estar ativo deixou de ser uma escolha e se tornou uma necessidade. Hoje, as redes sociais funcionam como verdadeiros termômetros para saber o que estão falando sobre a marca, analisar a concorrência e criar novas estratégias de marketing. 

Antonio Mafra, diretor da agência Cyrk, que elabora campanhas com foco em redes sociais para empresas, como Cacau Show e Havaianas, compara a gestão dessas ferramentas à lógica de uma loja física.

"Quanto mais gente passando em frente a loja, maiores as chances de alguém entrar e comprar. Na internet, o raciocínio é o mesmo".

Mas, com tantas redes disponíveis e com as particularidades de cada uma delas é preciso ter muito cuidado para não se perder.

Para pequenos negócios, o especialista explica que antes de abrir uma conta é preciso identificar onde está o público e trabalhar bem as ferramentas de cada plataforma.

Para escolher o melhor para o seu negócio, Mafra sugere que a contratação de um especialista em redes sociais pode sair mais barata do que terceirizar esse planejamento.

"É importante que o empresário tenha consciência de que se trata de um trabalho que exige monitoramento contínuo e ações assertivas", diz.

?NÃO SE PREOCUPE COM CURTIDAS

Mafra destaca que o número de curtidas em uma publicação não reflete a quantidade de vendas provocada por determinada atualização.

Por isso, mais importante do que acumular likes é acompanhar esses meios para aperfeiçoar o processo de construção da marca, de acordo com o especialista.   

Foi com a ajuda do Twitter, que Patrícia Ju Hee Ha, diretora da Antix, lapidou o estilo romântico da marca. "Quando o Twitter estava no auge, twitamos a seguinte pergunta: “O que é Antix para você?” ", diz.

Muitos descreveram a marca como "fofa", "feminina" e "romântica", por conta das estampas utilizadas. 

"Resolvemos então demarcar bem nossa identidade. Paramos de produzir peças lisas e desenvolvemos estampas exclusivas, bem diferenciadas do que já existia no mercado".

A estratégia deu certo. A aposta em modelos com uma temática mais lúdica garantiu à Antix uma construção de imagem muito forte. As peças da marca, especialmente, os vestidos são facilmente reconhecidos onde quer que estejam.  

Fundada há dez anos, no Bom Retiro, em São Paulo, a Antix surgiu para abastecer clientes atacadistas da região, mas o sucesso dos vestidos da marca levaram Patrícia a abrir uma loja física para o consumidor final – hoje, são oito lojas e um outlet.

"Observamos a viabilidade de uma loja física também pela quantidade de pedidos no Twitter".

DE OLHO NO CLIENTE

Foi a partir do comentário de uma seguidora no Facebook que Beatriz Setúbel, 32 anos, sócia da confeitaria Big Bang Candy Lab, em Cerqueira César, São Paulo, formulou a ação de maior sucesso da marca: o programa de cobaias.

Sempre que lançava um novo doce, Beatriz postava uma foto com a descrição e comentários de seus "cobaias", que eram sempre familiares e amigos.

Em uma dessas postagens, uma cliente respondeu dizendo que adoraria participar desse processo de testes. 

"Achei aquilo tão interessante e disse para ela me mandar um e-mail”. 

Em poucas horas, outras dezenas de clientes pediam o mesmo. Em menos de um mês, a empresária acumulou solicitações de mais de 500 candidatos em sua caixa de e-mails.

Com a criação das rodadas de testes, Beatriz passou a interagir com as fãs da Big Bang e passou a envolvê-los no processo de escolha das novas guloseimas.

"A primeira edição foi um sucesso e já estamos pensando na próxima porque temos muitos pedidos".  

?DRIBLANDO O ALGORITMO

Há um ano, o Facebook realizou uma mudança em seu algoritmo e passou a dar prioridade para postagens de amigos e familiares.

Com o alcance reduzido por conta dessa alteração, muitas páginas enfrentam dificuldades para “bombar” o conteúdo postado nas redes. 

A saída encontrada pela Big Bang Candy Lab foi migrar para o Instagram Stories. A função é bem parecida com o Snapchat, no qual os usuários compartilham vídeos e fotos por apenas 24 horas e sem limites para postar.

Durante a semana, eles mostram a produção e os doces frescos. Aos finais de semana, aproveitam o movimento na loja para mostrar os clientes e as prateleiras cheias.

A vantagem é que o conteúdo fica disponível para todos os seguidores da página e o administrador da conta tem acesso ao número de alcance, impressões e clicks que os posts tiveram durante um determinado período.

Além disso, também é possível saber o gênero, faixa etária, principais localizações (por cidade e países), horário e dia em que a maior quantidade dos seus seguidores estão on-line.

?INTERAJA COM SEUS CLIENTES

Com foco nas classes C, D e E, a agência de viagens Vai Voando tem 500 pontos de venda espalhados pelo país. Mas, é por meio das mídias sociais que 70% dos potenciais clientes que fecham negóciostomam conhecimento da empresa ou de alguma promoção. 

Justamente por estar presente em muitas comunidades, a maior parte dos investimentos da Vai Voando é focada em panfletagem e carros de som, de acordo com seu diretor, Luiz Andreza.

Para ter uma ideia, o valor mensal gasto com redes sociais se resume a R$ 2 mil –seis vezes menos que o investido em panfletagem.

No entanto, uma pesquisa feita pela empresa mostrou que apenas 11% das vendas provêm dessa divulgação.

Com esse resultado em mãos, Andreza decidiu explorar as redes sociais ao máximo experimentando novas ações, como as transmissões ao vivo.

Também impactados pela baixa entrega do Facebook, a empresa criou uma espécie de jogo de conhecimentos gerais focado em turismo – o Se não sabe, chuta.

Na última semana, por exemplo, a pergunta feita aos seguidores foi: "Onde foi realizada a primeira missa no Brasil?"

A resposta é sempre divulgada ao vivo na página da Vai Voando, com sorteios, como cupons de desconto em compras de passagens para quem acerta a resposta e acompanha a transmissão.

 

Diário do Comércio

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