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Banho de São João, tradição de cidades de MS, é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil

O tradicional banho de São João de Corumbá e Ladário (MS) foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, nesta quarta-feira (19), pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A decisão em esfera federal veio mais de 10 anos após a festa ser reconhecida como símbolo imaterial de Mato Grosso do Sul.

Especialistas do Iphan disseram que a “festa junina do Pantanal” pode ser explicada como um culto ao São João Batista e ao orixá Xangô. A festividade reúne inúmeros símbolos religiosos e icônicos.

Os rituais começam com procissões pelas ladeiras de Corumbá e Ladário (MS), se ampliam em cortejos, novenas e giras em terreiros de candomblé e umbanda, reunindo a polução por meio da fé.

As cerimônias, do agora, Patrimônio Cultura do Brasil, se iniciam pela decoração de altares e andores, se estendem para queima de fogueiras e a realização de oferendas, além de rezas e terços. Na passagem dos dias 23 para 24 de junho, a população vai de encontro ao Rio Paraguai para realizar, assistir e participar do banho.

O festeiro e devoto de São João, Alfredo Ferraz, destaque que o reconhecimento do Banho de São João de Corumbá e Ladário (MS) é um grande ganho à cultura sul-mato-grossense. “É uma grande valorização do Banho de São João, do Arraial do Banho de São João. É um ganho imenso. Com o registro nacional, há mais visibilidade para uma festa que precisa ser conhecida”.

“Esse Arraial é realizado somente aqui. O Brasil precisa conhecer, o mundo precisa conhecer. O registro é uma emoção porque, quando começamos a montar o processo, era só um sonho. Para os festeiros e devotos, hoje é uma grande vitória”, completa Alfredo, que herdou do pai e do avô a devoção a São João.

Jornada até o reconhecimento nacional

Antes da mais nova atualização, em 2010, o Banho de São João, até então apenas de Corumbá (MS), foi reconhecido como bem cultural de natureza imaterial do estado de Mato Grosso do Sul. Foi então, que o processo de reconhecimento em esfera federal, junto ao Iphan, foi iniciado.

Os estudos do instituto, realizados a partir de 2014, apontaram a necessidade de ampliar o recorte espacial, incluindo o município de Ladário (MS), onde a tradição também é realizada.

Já em 2018, o Iphan firmou parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) para dar prosseguimento ao dossiê do Banho de São João. O trabalho contou com incursões a campo para acompanhar a preparação da festa, resultando em inúmeras entrevistas, sendo 25 delas gravadas, com festeiros, devotos e autoridades religiosas e político-administrativas.

“O Banho de São João é importante celebração que compõem a identidade do estado do Mato Grosso do Sul. Pra nós, é uma felicidade imensa concluir o processo de registro de um bem tão significativo para a região do Pantanal e para o Brasil”, declarou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto.

“Com esse ato, coroamos um intenso processo de pesquisa sobre o bem, com produção de vídeos, documentário e dossiê. Assim, o Iphan já atua na salvaguarda para a reprodução e sustentabilidade do Banho de São João”, disse Larissa.

Devido à pandemia, desde 2020, o Banho de São João vem sendo realizado apenas em âmbito doméstico. Novenas, terços, alvoradas e levantamento de mastro são promovidos em cada residência, limitando-se o acesso à comunidade. O próprio banho na imagem do santo é feito dentro das próprias casas, em bacias ou tanques.

Fonte: G1MS

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