Estudo do Data Nubank aponta padrões iniciais de uso do serviço de pagamentos e transferências instantâneas do BC, que já superou o TED e o DOC em volume de transações. O PIX caiu nas graças dos brasileiros nos três meses e meio em que passou a funcionar em escala comercial, aberto para quem quiser utilizar o serviço.
Uma pesquisa inédita do Nubank, um dos maiores bancos do país em clientes, com 34 milhões de pessoas, revela na visão dos usuários quais as principais funcionalidades do serviço de pagamentos e transferências instantâneas desenvolvido pelo Banco Central.
Metade das operações realizadas (49%) acontece fora do horário tradicional de atendimento dos bancos, a partir das 17h nos dias úteis e durante o fim de semana, segundo informações do Data Nubank, plataforma de dados e pesquisas do Nubank, que é o maior banco digital da América Latina. O estudo é divulgado em primeira mão pela Exame Invest.
Essa informação corrobora a tese de que os horários disponibilizados pelos bancos para realizar transferências por meio de TED, DOC ou dentro da mesma instituição bancária, até às 17h, não atendem às necessidades dos brasileiros, que em sua maioria estão em horário de trabalho e com pouco tempo disponível para realizar tais operações.
Outra revelação do estudo, igualmente intuitiva, é que usuários mais novos são proporcionalmente usuários mais recorrentes do Pix do que aqueles em faixa etária mais elevada. Um em cada cinco clientes (20,2%) na faixa entre 18 e 30 anos utiliza o serviço, enquanto apenas um em cada vinte na faixa de 60 a 70 anos (5,4%) faz o mesmo.
O estudo do Nubank revela ainda o potencial de crescimento do Pix e por quais canais isso pode acontecer: será por meio do seu uso por lojistas e empresas em geral e por meio do QR Code, que é uma funcionalidade oferecida.
Tais inferências são feitas a partir da revelação de que, de cada cem transações com o Pix, 96 são realizadas por meio do sistema de transferência utilizando uma chave de cadastro de quem vai receber os valores, e apenas 4 com o uso de QR Code. Esses dados são referentes ao fim de dezembro.
E nas mesmas cem transações, 92 são realizadas entre duas pessoas físicas, restando oito entre pessoas e empresas. Uma das razões apontadas para os dois fenômenos são as restrições ainda existentes para a circulação de pessoas, o que desestimula tanto o uso do Pix por lojistas no varejo físico como a recorrência do QR Code.
O Pix já encontra aderência em todas as faixas de renda até 10.000 reais mensais: na faixa de quem ganha de 1.000 a 2.000 reais, um em cada sete clientes (14,7%) utiliza o serviço instantâneo. Na faixa de 5.000 a 10.000 reais, a relação é de um em cada cinco clientes (19,1%). Só acima dessa faixa é que o uso cai consideravelmente (5,6% do total).
As informações do estudo do Data Nubank foram levantadas no período entre 5 de outubro (fase de testes do Pix) até 5 de janeiro (o serviço entrou em operação comercial em 16 de novembro do ano passado), com clientes do banco digital.
Em todo o país, incluindo todas as instituições financeiras que se credenciaram para oferecer o serviço, havia mais de 65 milhões de usuários cadastrados, entre pessoas físicas e jurídicas, no fim de janeiro. Já haviam sido realizados 200 milhões de transações (contando duas semanas de testes em novembro), segundo dados do Banco Central.
Fonte: Exame