O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,24% no mês de julho em relação a junho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O maior impacto veio do aumento das contas de luz. Ainda assim, foi o menor resultado para julho desde 2014, quando o índice ficou em 0,01%.
No acumulado em 12 meses, o índice foi para 2,71%, abaixo do piso da meta de inflação estipulada pelo governo pela primeira vez desde março de 2007, nesta base de comparação. O piso da meta é de 3% ao ano (1,5 ponto percentual abaixo do centro da meta, que é de 4,5% ao ano). Este patamar foi o menor para 12 meses desde fevereiro de 1999, quando o índice acumulou 2,24%.
O gerente da Coordenação de Índices de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves, enfatizou que a alimentação é o item que mais tem ajudado a segurar a inflação abaixo do piso da meta para o acumulado em 12 meses.
De janeiro a julho, o IPCA ficou em 1,43%, bem abaixo dos 4,96% registrados em igual período do ano passado.
Habitação e transportes
Em julho, os grupos habitação e transportes puxaram o índice para cima, com variação positiva de 1,64% e 0,34%. Já o grupo alimentação e bebidas, que responde por 25% das despesas familiares, recuou pelo terceiro mês seguido (-0,47%).
Gonçalves, destacou que a alimentação no domicílio ajudou a puxar o índice para baixo. A queda no país foi de 0,81% neste grupo de consumo. Segundo o economista, além do aumento na oferta de alimentos, em razão da safra recorde deste ano, ele enfatizou que há também efeito da demanda na queda dos preços dos alimentos.
“O desemprego segue em alta e a renda restrita. Isso segura o consumo. Embora não se possa cortar a alimentação, as famílias podem economizar na alimentação, escolhendo produtos mais baratos, por exemplo”, disse.]
Com o maior impacto no IPCA, a energia elétrica (do grupo habitação) subiu 6% e foi o item que mais contribuiu para o resultado de julho. "Isso ocorreu devido à entrada em vigor da bandeira tarifária amarela, a partir de 01 de julho, representando uma cobrança adicional de R$ 2,00 a cada 100 Kwh consumidos", diz o IBGE.
Dos itens não alimentícios com preços em queda em julho, Gonçalves destacou as roupas femininas (-0,95%), automóvel usado (-0,93%), roupa infantil (-0,87%) e automóvel novo (0,64%). “Estes quatro itens são impactados pelo fator demanda”, salientou.
Alta dos combustíveis
Segundo o coordenador de Índices de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves, depois da energia elétrica os maiores impactos na inflação em julho partiram do reajuste nos planos de saúde e da gasolina. Ambos tiveram alta de 1,06% no país e representam, cada uma, 0,04 pontos percentuais de impacto na composição do IPCA.
No grupo transportes, que subiu 0,34%, o destaque foi a alta de 0,92% dos combustíveis. O litro do etanol ficou, em média, 0,73% mais caro. Já a gasolina subiu 1,06%. Em julho, foram anunciados reajustes (aumentos e reduções) nos preços da gasolina na refinaria e, em 20 de julho, o aumento na alíquota do PIS/COFINS dos combustíveis.
Em 25 de julho, esse aumento foi suspenso por uma liminar, derrubada em 26 de julho. Uma nova liminar em 03 de agosto, derrubada no dia seguinte, também suspendeu o efeito do decreto que reajustou as alíquotas do PIS/COFINS dos combustíveis.
3 capitais têm deflação
Três capitais registraram deflação em julho. A mais expressiva foi em Campo Grande (-0,24%), seguida por Porto Alegre (-0,12%) e Rio de Janeiro (-0,03%). Em junho, todas as capitais haviam registrado deflação.
A maior alta na inflação por região foi registrada em Curitiba (0,49%). Em seguida, aparecem São Paulo e Goiânia, ambas com alta de 0,38%. Na sequência, as demais capitais que com inflação maior que a geral do país foram Salvador (0,35%), Belo Horizonte (0,31%), Recife (0,29%) e Brasília (0,28%).
O coordenador de Índices de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves, destacou que todas as capitais registraram inflação abaixo do piso da meta em julho.
Deflação em junho
No mês de junho, o índice teve deflação de 0,23%, a primeira em 11 anos, puxada pelas contas de luz e alimentos. O resultado foi o mais baixo para um mês de junho desde o início do Plano Real.
A última vez que o índice teve variação negativa foi em junho de 2006, quando a taxa caiu 0,21%. O IPCA nunca foi tão baixo desde agosto de 1998, quando a taxa atingiu -0,51%.
Expectativa para agosto
Para agosto, o IBGE estima que o IPCA poderá vir com alta. Isso porque o índice sofrerá impacto dos reajustes nos preços em vários itens de consumo entre o final de julho e o começo de agosto.
As tarifas de água e esgoto foram reajustadas em 3,6% no Rio de Janeiro, em 8,69% em Belo Horizonte e em 6% em Vitória. O gás encanado no Rio de Janeiro foi reajustado em 1,03% e o botijão de gás teve reajuste de 6,9% no país.
Outros impactos relevantes na composição do índice em agosto virão da tarifa de energia elétrica, cuja cobrança está na bandeira vermelha (R$ 3 a cada 100 kwh consumidos) em todo país. Além disso, houve reajuste de 8,53% na tarifa cobrada em Vitória e de 6,87% em Belém.
Houve ainda reajuste de 4,65% nas passagens dos ônibus intermunicipais em Goiânia, reajuste entre 3% e 4% nos pedágios do Rio e de São Paulo e de aproximadamente 14% nos planos de saúde antigos.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou variação de 0,17% em julho, ficando acima da taxa negativa de 0,30% de junho. No acumulado dos últimos doze meses, o índice desceu para 2,08%, ficando abaixo dos 2,56% nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2016, o INPC foi de 0,64%.
G1