A Páscoa deste ano será celebrada apenas no dia 16 de abril, mas as empresas produtoras de chocolates já aguardam ansiosamente pela data na esperança de um resultado melhor do que o registrado no ano passado. Para que a expectativa seja concretizada em meio ao momento de cautela dos consumidores, a alternativa do setor é segurar os preços dos ovos de chocolate.
Para o vice-presidente de chocolate da Abicab (Associação Brasileira das Indústrias de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados), Afonso Champi, a Páscoa deste ano é vista com muita confiança pela indústria. Ele afirma que o setor está preparado para satisfazer a todos os paladares e perfis de consumidores.
— Para nós, da indústria, é necessário ter oferta para atender todas as demandas. E teremos produtos de valor agregado mais baixos, produtos mais sofisticados e a recomposição de ovos para atender todas as necessidades. […] Não dá para dizer que a linha de ovos menores é uma tendência, mas ela tem que ser atendida por todas as marcas. Os consumidores que gostam de uma determinada marca procuram ser atendidos por todas as demandas que eles buscam.
Gerente de marketing da Ferrero, Henrique Martini, diz que a empresa decidiu apostar neste ano não somente na oferta de ovos de Páscoa, mas também nos itens da linha regular. Segundo ele, os preços dos produtos da indústria para a data vão variar entre R$ 15 e R$ 70, sem reajuste em relação ao ano passado.
— O valor unitário de todos os produtos não aumentou. Toda a nossa linha regular não subiu o preço e os ovos não tiveram uma alta por causa da readequação da oferta.
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O gerente de marketing da Arcor, Nicolas Seijas, afirma que a empresa adotou um aumento de preço na faixa de 5% para os produtos de Páscoa neste ano, valor abaixo da inflação calculada nos últimos 12 meses, que fechou 2016 na casa dos 6,29%. A avaliação de Seixas é de que consumidor vai continuar com uma postura racional e vai buscar a melhor relação entre preço e qualidade.
— Temos dois ovos que serão vendidos R$ 19,90 cada. E nenhum produto da companhia vai ultrapassar os R$ 40. Essa foi uma meta que a gente mirou no consumidor de maior valor agregado. A gente foi muito exigente para não superar essa barreira psicológica do consumidor que quer presentear.
O reajuste abaixo da inflação também aparece como uma realidade nos produtos da Cacau Show. De acordo com diretora de marketing da empresa, Raquel Paternesi, a expectativa da companhia é crescer cerca de 14% com a ajuda do reajuste menos intenso dos preços.
— Fizemos a nossa lição de casa buscando produtividade, eficiência e seleção de ingredientes para segurar esse preço e fazer uma oferta de Páscoa bastante atrativa.
O momento de dificuldade econômica também manteve os preços em um menor patamar nas lojas do Grupo CRM, responsável pelas marcas Brasil Cacau e Kopenhagen. Para a vice-presidente de marketing do núcleo, Renata Vichi, a previsão de crescimento em relação a 2016 é de 10% e o reajuste deste ano no valor dos produtos será na faixa de 8%.
— Nós repassamos ao consumidor menos do que a gente foi impactado. Teve variação cambial e o nosso dissídio foi de 9,6%. Tivemos a preocupação em segurar um pouco o preço neste momento [de crise].
Data
A aposta positiva para o setor durante a Páscoa deste ano também tem relação com a data da celebração, realizada em um período do ano com menor aperto no bolso dos consumidores. A gerente de marketing Garoto, Keila Broedel, avalia que o evento no dia 27 de março do ano passado é ruim pelo período próximo ao do pagamento das contas de início de ano, tais como IPVA, IPVU e material escolar.
— Para 2017, a Páscoa já passada do primeiro trimestre com as dívidas de início de ano e o consumidor já se adaptou à realidade e está mais propenso a presentear.
A percepção de Keila é também partilhada por Seijas, da Arcor. Ele analisa que a data em um mês mais distante permite que o consumidor realize um planejamento prévio. Vichi é também comemora e afirma que “as Páscoas em abril são tradicionalmente muito melhores do que as de março”.
Além da celebração em um período do ano menos favorável, o gerente de marketing de sazonais da Lacta, Ricardo Reis, ressalta que a Páscoa 2016 aconteceu em meio ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
— Hoje, o Brasil vive um cenário político menos turbulento e a data agora no dia 16 de abril é melhor para a indústria.
R7