Em resposta à crise e ao desemprego, busca de rendimentos e satisfação pessoal, mulheres sul-mato-grossenses vêm apostando na criação de novos negócios no Estado. Em quatro anos, número de empreendedoras cresceu 25,3%, passando de 91 mil para 114 mil empresárias.
Os dados são do Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios 2016, estudo elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e leva em conta o número de empregadoras, somado ao de profissionais por conta própria.
Quando consideradas as estatísticas do Portal do Empreendedor (onde estão incluídos os microempreendedores individuais), as mulheres representam atualmente 46,81% dos pequenos negócios que movimentam Mato Grosso do Sul, ou 47.302 microempresas. Somente em Campo Grande, as empreendedoras respondem por 46,65% do total de microempresas do Estado.
Dentro desse universo de empreendedoras da Capital está Kátia Martins, de 37 anos. Proprietária de um ateliê de unhas no Jardim Tarumã, a microempresária comemora o funcionamento do espaço, há um ano e meio, após começar na atividade de designer de unhas, atendendo as clientes em domicílio durante três anos.
“Conheci (a arte de unhas em acrílico) como cliente. Vi que a designer sempre tinha bastante trabalho, perguntei como ela fazia e fui conhecer o trabalho, fazer cursos. Não foi fácil, os produtos não são baratos e naquela época, vinham todos de fora; agora já há representantes em Campo Grande, o que facilitou”, conta.
Da atividade como autônoma para o pequeno negócio, foi necessário planejamento. “Quando você atende no domicílio, não é em local adequado. Era preciso ter um espaço, cadeira adequada”, recorda. Para montar o espaço, ela contou com a ajuda do marido, que tinha um salão alugado. “Pedimos o salão, reformamos e abrimos”, disse. O ateliê também passou a contar com atendimento de um cabeleireiro, que trabalha no local em sociedade com Kátia.
Hoje, além da indicação das próprias clientes, as redes sociais também são outra forma para a divulgação do negócio. “Tenho clientes que vêm de outras cidades, como Nioaque, Sidrolândia, e vêm para cá uma vez por mês, para fazer as unhas comigo”, comentou.
Em média, o espaço atende 20 clientes semanalmente, com preços que variam de R$ 85 (segundas e terças-feiras) a R$ 100 (nos demais dias) a aplicação de unhas acrílicas.
Expectativa
Para a empresária, a afinidade pelo ramo do negócio fez toda a diferença na hora de empreender. “Gosto muito de unha. Acho que é um diferencial para a mulher, ela fica mais à vontade quando está com a unha feita”, acredita.
Agora, ela faz planos de continuar investindo na especialização do serviço — “pretendo fazer um outro curso, dessa vez em Caxias do Sul (RS), para poder trazer novidades” — e no próximo ano, dependendo da movimentação, investir no próprio espaço físico do ateliê.
Com a experiência de quem vive o dia a dia do próprio negócio, Kátia destaca a importância de investir primeiro em treinamentos e na especialização no que quer vender (no caso dela, o serviço que é oferecido), “pois o mercado é bastante exigente”, além de saber o produto que está comprando. “Em qualquer área que se quer atuar, se a pessoa começa sem se especializar, ela não tem cliente e fecha. Também é preciso ter em mente que não é fácil (ter os resultados de forma rápida), mas é preciso ter paciência”, completou.
Correio do Estado