O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, cresceu 0,9% no segundo trimestre deste ano, comparado ao primeiro trimestre. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado foi puxado, principalmente, pelo crescimento da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%).
Com esse resultado, houve avanço de 3,7% no primeiro semestre deste ano, alta que surpreende até os analistas mais otimistas. A atividade econômica do País opera 7,4% acima do patamar pré-pandemia, referente ao quarto trimestre de 2019, e atinge o ponto mais alto da série. Para Mato Grosso do Sul, a expectativa é de um desempenho ainda mais promissor neste ano.
“Como as atividades de serviços respondem por cerca de 70% da economia do País, o resultado do setor influencia ainda mais a expansão do PIB”, detalha o IBGE.
Apesar de os números do IBGE não terem recorte regional, a perspectiva local é ainda melhor que o cenário nacional. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) aponta que Mato Grosso do Sul tem um crescimento superior ao nacional – deve crescer mais de 5,5%.
Segundo o titular da Semadesc, Jaime Verruck, além de todos os indicadores positivos, como aumento do consumo e desempenho da agropecuária, o Estado tem grandes investimentos públicos e privados.
“Esse crescimento nacional obviamente ajuda o Estado, e talvez Mato Grosso do Sul tenha uma variável diferenciada, que é o investimento. Se você olhar o PIB nacional, a variável investimento foi a que menos cresceu, e em Mato Grosso do Sul temos um crescimento de investimento privado e público, além das variáveis de aumento de consumo e taxa de desemprego favorável”, explica Verruck em entrevista ao Correio do Estado.
Os dados apontados pelo secretário se referem à Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que são os investimentos. No recorte nacional, o indicador recuou 2,6% no segundo trimestre deste ano. “Essa queda é justificada, principalmente, pela retração na produção de bens de capital, que suplantou o crescimento das importações”, justifica a análise técnica do IBGE.
O mestre em Economia Eugênio Pavão reforça que Mato Grosso do sul, além da forte presença na produção, hoje também se destaca com grandes investimentos na agroindustrialização. “A atração de investimentos grandiosos no setor florestal consolida a internacionalização do PIB de MS. Então, temos uma economia agroexportadora e pujante”.
O secretário ainda frisa que o desempenho da economia no primeiro semestre foi surpreendente. “As estimativas iniciais de crescimento do PIB brasileiro estavam muito abaixo desse número, que é um bom número comparado aos padrões internacionais. Então, o crescimento de 3,7% é importante para o Brasil. Ele deve refletir, inclusive, em aumento de arrecadação, que é uma necessidade hoje do governo federal”.
“Importante também olhar de onde vem esse crescimento. A hora que a gente vê o crescimento do consumo das famílias, da indústria e também do processo de exportação, isso é extremamente favorável, porque é um crescimento do PIB sem inflação”, analisa Verruck.
Desempenho – No setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 2,9% e as importações de bens e serviços subiram 4,5%, em relação ao primeiro trimestre deste ano. Já o setor de serviços está há 12 trimestres sem variações negativas e também se encontra no ponto mais alto da sua série.
“Isso nos dá uma tranquilidade para poder afirmar que, realmente, Mato Grosso do Sul deve crescer acima da média nacional. Volto a dizer, média nacional hoje excepcional”, diz Verruck.
“Enquanto o Brasil trabalhava com crescimento de 2%, a gente trabalhava com 5,5%. Então, esse crescimento de 3,7% [no semestre] é extremamente salutar para a economia. E a expectativa em função dessa variável adicional, que são investimentos públicos e privados de Mato Grosso do Sul, é de que a gente tenha crescimento acima dessa média”.
A projeção no início do ano, tanto do mercado financeiro quanto do governo federal, era de crescimento entre 1,2% e 2% para a economia do País.
Nesta sexta-feira, as instituições de avaliação de risco elevaram a estimativa do PIB entre 3% e 3,5% para este ano. Para Mato Grosso do Sul, a estimativa variava entre 4,5% e 5,5%, o que pode aumentar ainda mais.
“Esse é um ponto que o presidente do Banco Central destacou. Quer dizer, ampliou-se o crédito no Brasil, ampliou-se o consumo e não tem, em curto prazo, uma pressão de inflação, o que dá uma possibilidade, em médio a longo prazo, de o Brasil reduzir os juros, o que é fundamental hoje para a saúde da economia”, conclui o secretário Jaime Verruck, que está nos Estados Unidos participando do Fórum de Desenvolvimento do Brasil.
Na comparação entre o segundo trimestre de 2022 e o deste ano, o PIB brasileiro cresceu 3,4%. Neste período, a agropecuária cresceu 17%, o que pode ser explicado, principalmente, pelo bom desempenho de alguns produtos da lavoura, como soja (24,5%), milho (13,7%), algodão (10,2%) e café (5,3%). A indústria cresceu 1,5%, e os serviços avançaram 2,3%, na mesma comparação.
Conforme divulgado pelo Correio do Estado na semana passada, somente a agropecuária sul-mato-grossense deve crescer 10% neste ano.
Fonte: Correio do Estado