A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por meio de sua Divisão Econômica, recebeu dia 22 de novembro, no Rio de Janeiro, o gerente da área de Operações Indiretas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Tortosa, que detalhou as linhas de crédito da instituição e a construção de um acordo de cooperação técnica para facilitar o acesso dos empresários aos financiamentos.
“No momento que o varejo tenta se reerguer, é natural o interesse por linhas de financiamento de capital de giro”, afirmou Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC. De acordo com o economista, já está em fase de detalhamento final o acordo que permitirá às empresas o acesso mais facilitado aos empréstimos do BNDES. O acordo busca, em linhas gerais, estabelecer uma sistemática de monitoramento e avaliação da concessão de empréstimos, definição de atividades e responsabilidades das entidades envolvidas, considerando como premissa o intercâmbio de informações e atividades de treinamento, divulgação e fomento.
“Temos consciência da importância do acesso a financiamento para que uma empresa ganhe musculatura. É um desafio, e estamos aqui para entender a demanda e caminhar juntos”, disse Tortosa. Já Fabio Bentes destacou que a aproximação com o BNDES busca atender a uma demanda das Federações de Comércio e que iniciativas como essa, ao beneficiar as empresas do comércio de bens, serviços e turismo, impactam positivamente a economia como um todo.
Políticas dos agentes para concessão de crédito devem ser revistas
Durante a reunião, representantes das Federações de Comércio elencaram as barreiras enfrentadas para acesso às linhas de crédito do banco, sobretudo aquelas geradas pelos agentes financeiros repassadores, ou seja, instituições financeiras credenciadas que se responsabilizam pela análise e aprovação do financiamento, bem como pela negociação de garantias com o cliente, e assumem o risco de crédito no BNDES.
Podem ser agentes repassadores bancos comerciais, agências de fomento e bancos de desenvolvimento, cooperativas de crédito e instituições de microcrédito, entre outros (Saiba mais aqui).
“Falta uma palavra neste debate: começar. Muito é dito sobre ampliar, continuar, modernizar, mas é preciso que se fale sobre a mudança de pensamento quanto às exigências impostas pelos agentes”, apontou Aldemir Santana, vice-presidente da CNC e presidente da Fecomércio-DF. Como exemplo, Santana afirmou que o faturamento é uma exigência dos agentes repassadores que atinge diretamente novos negócios. ”Muitos negócios, quando estão começando, demoram a ter o faturamento exigido. Uma empresa tem, por exemplo, em seu início, testes de funcionalidade de produtos, e não faturamento, que é uma perspectiva, um objetivo”, disse.
“O interesse das empresas, sobretudo as micro e pequenas, não é o mesmo do agente financeiro, e isso é um problema”, complementou Marcelo Queiroz, diretor da CNC e presidente da Fecomércio-RN. De fato, do total de desembolsos do banco em 2016, o segmento de comércio e serviços recebeu 28% de um total de R$ 7,636 milhões. A participação média das micro, pequenas e médias empresas (MPMES) foi de 30%.
Nelson Tortosa, do BNDES, explicou que o empresário pode recorrer, para atender aos requisitos exigidos pelos agentes financeiros, à utilização de fundos garantidores, como o BNDES FGI e o FGE, mas concordou que, na ponta, cada instituição tem suas próprias regras para concessão, sobre as quais o BNDES não possui ingerência. “Sabemos da dificuldade dos empresários. Por vezes, o gerente do banco é a primeira barreira”, disse Tortosa, destacando que – outro obstáculo muito recorrente – o empresário não precisa necessariamente buscar crédito na instituição da qual é correntista, e sim em qualquer banco. Tortosa afirmou ainda que o BNDES pode disponibilizar um ranking de quais agentes operam mais as linhas do banco, para ajudar o empresário a ter opções na hora de recorrer à instituição.
Participaram da reunião no Rio de Janeiro representantes das Federações de Comércio de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Piauí, Alagoas, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Amapá, Paraná, Bahia, Rondônia, Espírito Santo e Pernambuco, além de representantes da Fenacor (Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de Resseguros, de Capitalização, de Previdência Privada, das Empresas Corretoras de Seguros e de Resseguros), da Fenavist (Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores), da Fenacon (Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas) e da Febrac (Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação).
CNC