Adaptar-se às mudanças que surgem na educação é uma prática que as escolas procuram seguir. No Sesc Escola Horto, em Mato Grosso do Sul, as ferramentas tecnológicas digitais vêm sendo incorporadas gradualmente há cerca de oito anos. Inclusive, em 2023, as turmas do 7º e 9º ano incorporaram material 100% digital.
Para Regina Ferro, diretora regional do Sesc-MS, incorporar a tecnologia na sala de aula aproxima o estudante do professor, uma vez que ela desperta interesse pelo conteúdo trabalhado. “Antes os alunos viam a escola como um lugar chato. Agora eles passam a ver a escola de outro jeito e mudam a forma de participar da aula. Então para a gente [utilizar a tecnologia em sala] tem sido um grande aprendizado, mas um aprendizado com muita consciência e responsabilidade”, defende Regina.
Ferramenta de gestão – A Escola Horto possui 1.600 estudantes, 150 professores e atua em todos os níveis da educação básica, trabalhando com as ferramentas digitais (como uso de tablets e plataformas educacionais) desde a educação infantil. Mas, para os professores, ter um controle sobre como o estudante está utilizando a tecnologia ainda é um desafio. De acordo com Regina, a escola possui ferramenta de gestão em sala de aula, que possibilita monitoramento em tempo real, ou seja, diagnosticar se os estudantes estão fazendo as atividades ou se utilizam a ferramenta para outro propósito.
“Antigamente, a gente achava que controlava tudo, mas às vezes só o relator do grupo que fazia [determinado trabalho]. Agora não, cada um faz uma contribuição e o professor consegue ver no texto a digitalização de várias pessoas”, comenta Regina.
Com a ferramenta de gestão em sala de aula também é possível observar se o estudante está online fazendo o conteúdo, por exemplo, observando quanto tempo ele fica em determinada aba ou em determinada atividade. Além disso, a utilização de ferramentas digitais em sala de aula possibilita ao professor realizar avaliações de formas criativas. “O professor pode fazer, por exemplo, uma nuvem de palavras do conteúdo dado naquela aula e medir o nível de aprendizagem por meio do número de palavras que colocaram, ficando mais evidente onde estão as dúvidas”, explica Regina.
O uso das ferramentas digitais, segundo a diretora, ainda ajuda a criar um vínculo e aproximar as famílias da escola. Atuando em período regular, os estudantes levam o equipamento (tablet ou chromebook) para a realização de exercícios complementares em casa. Com isso, os pais se aproximam do conteúdo que as crianças e os jovens estão aprendendo.
Espaço maker – “O aprendizado quando envolve emoção é mais efetivo. Então, além da aula teórica, do fundamento conceitual, tentamos dar exemplos práticos”, ressalta Regina. Na Escola Horto, os estudantes contam com espaço maker e promoção de exercícios mão na massa.
Alessandra Filgueiras Guimarães, professora de estudos avançados de matemática, disciplina do 1º ano e 2º ano do ensino médio, relata um trabalho realizado pelos estudantes. Acompanhados também pelo professor assistente Eduardo Henrique Sales, eles desenvolveram no espaço maker a criação de polígonos regulares. Nessa atividade, atuaram com conceitos da matemática sobre o que são os polígonos, o estudo dos ângulos, entre outros pontos, de uma forma mais interativa.
“A metodologia maker influencia a construção do conhecimento, pois possibilita que o aluno perceba a aplicabilidade do que está estudando. Muito mais do que estudar a matemática apenas no conteúdo, é ver no concreto. A cultura maker também estimula a criatividade e o trabalho em grupo, tudo isso de forma interdisciplinar, porque o aluno soluciona problemas reais com autonomia e eficiência”, explica a professora Alessandra, que também atua na disciplina robótica para o 3º ano do ensino médio e matemática e cotidiano no itinerário formativo do 2º ano do ensino médio.
A cultura maker consegue ser inserida em qualquer disciplina, inclusive, unir as áreas de conhecimento, já que ao abordar determinados projetos, os professores podem desenvolver suas disciplinas em conjunto. “Tem um trabalho que achei muito interessante. Os alunos estavam fazendo uma maquete mostrando um eclipse solar. A ideia era provar por que a Terra é redonda. Quando o aluno foi colocar o título, em vez de escrever ‘a terra é redonda’, escreveu ‘a terra é redonda, por quê?’. Então, no trabalho, você observa que ele também sabe português. Isso é incrível, se observa nessa atividade que é lúdica, que ele nunca vai esquecer que o ‘por quê’ é separado e com acento no final de uma frase interrogativa”, conta Regina.
Futuro da educação – Para Regina, tecnologia já faz parte da vida do estudante e essas duas vertentes não podem mais ser separadas, uma vez que as escolas precisam estar atentas para as mudanças que vão surgindo e trabalhando com a realidade em que o estudante se encontra, seja por meio do uso das ferramentas digitais ou atividades práticas. “Não há educação sem estar inserido no momento atual. Acompanhar o presente vai garantir nossa presença no futuro. Essa fala parece meio óbvia, mas precisamos olhar para o fundamento da educação no Brasil e ao acesso de jovens e crianças a conteúdos e ferramentas que pautem o aprendizado”, conclui Regina.
Fonte: Revista Educação