Passado o efeito do desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros, agora sobram produtos nas lojas.
O comércio varejista tem de lidar com o excesso de estoque em um cenário de queda na intenção de consumo, motivada em parte pela disparada do dólar. E a situação pode se agravar com a proximidade das eleições.
Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) com 6 mil lojas do País mostra que 30,7% delas tinham, no início de junho, estoques de bens duráveis, como eletrônicos, eletrodomésticos e veículos, acima do adequado ao ritmo de consumo – 14,3% tinham produtos abaixo do que seria normal.
O quadro se repete para bens não duráveis (alimentos e produtos de higiene e limpeza): 27% das lojas tinham produtos acima do adequado e 11,8% abaixo.
“A parcela de empresas que está com estoque sobrando é mais que o dobro da que está com falta de produto”, diz o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.
O executivo de uma rede de eletrodomésticos diz que os estoques aumentaram no varejo porque o consumo está fraco. Ele acredita que o segundo semestre será complicado por causa do cenário eleitoral, apesar de a sazonalidade ser normalmente mais favorável ao consumo nesse período.
Em junho, piorou a expectativa tanto de empresários quanto de consumidores, segundo a CNC. A confiança dos empresários do varejo caiu 3,5% ante maio, descontadas influências sazonais – maior recuo em três anos. A intenção de consumo das famílias baixou 0,5%.
Além da greve, a alta do dólar afetou o consumo e a disposição para comprar bens duráveis.
A decisão dos bancos de reduzir prazos de financiamentos para pessoas físicas também abala a intenção de consumo. O prazo médio passou de 15,8 meses em abril para 14,2 meses em maio, de acordo com Relatório de Crédito do Banco Central – um efeito dessa redução é o aumento do valor da prestação.
Diário do Comércio